quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Permanecer na verdade

Há esse grande perigo do qual principalmente quem nasceu de novo não está livre até que este mundo tenha passado, isto é, a incapacidade de se satisfazer com a verdade. A verdade não tem bastado e porque não tem bastado começamos a buscar complementos para ela e então Cristo crucificado já não parece dar conta do que vivemos e do que precisamos. Novas unções e revelações relativas a anjos e homens começam a ser acrescentadas para renovar os corações embrutecidos. A palavra anunciada já não é o suficiente. É nesse momento que corremos o perigo de apostatar. Apostatar é não insistir na cruz de Cristo e na sua suficiência. E não digo que isso seja fácil. É impossível. Permanecer em Cristo - conforme a terminologia joanina - é impossível para aquele que não nasceu de novo. E é preciso nascer de novo repetidas vezes. E só se nasce de novo a cada dia e a cada momento quem insiste na cruz e em sua suficiência. Aqui a argumentação se torna circular, de fato. Isso porque permanecer em Cristo e insistir em sua cruz são senão partes da mesma disciplina espiritual baseada ela toda na fé. Quem mais bem explicou o que é a fé e portanto fez com que ela deixasse de ser mais uma coisa vaga com que pregadores concluem o sermão deixando o mais difícil para sua audiência não foi o autor de Hebreus, apresentando uma definição conceitual extremamente sofisticada no capítulo 11 de seu livro. Não, foi Jesus dizendo aos discípulos que o seu coração pode ser encontrado onde está o seu tesouro. O tesouro de um homem é o objeto de sua mais íntima fé. Isso quer dizer que ter fé em Jesus é colocar o seu coração nele como quem descansa das preocupações da vida porque ainda tem... Muita gente tem completado essa sentença com sua conta bancária. E de fato completa uma sentença a respeito de si mesmo. Mas então aquele que permanece em Cristo e insiste em sua cruz é justamente aquele que esforça seu coração no sentido de este se colocar como um fardo muito pesado é colocado no chão e esse chão onde o fardo se apoia ou é descarregado é Jesus e sua cruz. É dizer ufa! quando diante de declarações como a que lemos no evangelho de João: "Eis o cordeiro de Deus, o que tira o pecado do mundo". Isso tem que ser novo e novamente novo e novamente novo todos os dias e a todo o momento de nossas vidas. A verdade tem que nos bastar. Só o Espírito pode renová-la naquele que a ele se volta pedindo que seu coração seja colocado todo ele sobre a cruz de Cristo.

Voz que reclama

Bem-aventurados